domingo, 8 de abril de 2012

Vem da base

Esses dias, na escola, estava conversando com um amigo chinês sobre o surfe em Sydney. Ele está Aprendendo a surfar e às vezes me pede algumas dicas. Nesse dia, ele me contou que sua prancha havia quebrado e perguntou se era possível concertá-la. Depois da aula, ele foi até a sala do lado e voltou com uma 6.0' amarelada embaixo do braço, arrastando o lash pelo chão. A rachadura era uns 3 palmos abaixo do bico da prancha, de um lado a outro. Eu contei que seria um pouco difícil de salvar a prancha, mas que era bem válido checar nas surf shops. Ele disse que, como pagou um preço baixo, talvez valesse mais a pena comprar uma nova. Fiquei pensando um pouco: "Bá... que azar do cara... Vai ter que parar de surfar, ja no inicio, a nao ser que compre outra prancha...". Lembrei da minha primeira prancha, la pelos meus 11, 12 anos. Era uma Tropical Brasil 5.11', com uma borda gigantesca e com o texto "sistema três quilhas", em destaque, revelando uma grande novidade. Antes de mim ela passou pelos meus primos e pelo meu irmão, chegando as minhas mãos cheia de remendos e pesando como chumbo. Mas foi uma boa prancha para começar. Lembrei das vezes que ela quebrou e sorri. Respondi ao meu amigo chinês que, se estivéssemos na minha terra, a prancha dele teria uma salvação. Meu pai a levaria até a garagem e a apoiaria em dois cavaletes de madeira. Usando resina, lixas e uma certa disposição, ele provavelmente conseguiria tornar a prancha utilizável novamente. O remendo não seria invisível e lisinho, como o das surf shops, mas seria eficiente. O chinês sorriu achando a lembrança o máximo. Pensei em como minha família me proporcionou coisas que outras pessoas não tiveram. Entre acampamentos, viagens e celebracoes de datas importantes, como eu aprendi a usar minha cabeça e manter a calma em diferentes situações.
Alguns dias depois, em uma noite, sentado na sacada, estava assistindo alguns vídeos de musicas de desenhos da Disney no iPad e pensando na vida. Por coincidência, achei o Rei Leao 3 dividido em 3 partes. Lembrei que, há anos atrás, assisti algumas cenas desse filme e achei muito legal. Resolvi assistir. E que idéia incrível que eu tive. O filme é muito engraçado e conta a história dos personagens Timao e Pumba. Assistir a história do Timao me veio como uma grande ironia que me arrancou lágrimas e sorrisos. Me vi em um momento de extrema realização por estar tão perto de mim mesmo. De conseguir olhar alem do que eu vejo. De viver o meu Hakuna Matata. Quem tiver tempo, vale dar uma conferida nos primeiros minutos dessa cena:

Mas, falando em filme, quinta-feira foi a estreia do novo American Pie, na Australia. E, é claro, que eu nao pude perder de assistir logo no primeiro dia, nem perderei de comentar um pouco aqui no blog. O filme mostra a reuniao dos antigos personagens, dos tres primeiros filmes. Na minha opiniao, nao está longe de ser o melhor da série e valeu cada centavo dos 15,90 dolares gastos para ir ao cinema, já com o desconto da carteirinha de estudante. Lembrei demais dos meus amigos, em Porto Alegre, e de toda a gurizada. De como nos identificávamos com os personagens. De todos os meus desastres e romantismos estilo Jim. Por favor, vejam esse filme e riam pra caralho! O diferente de ter visto American Pie aqui foi a reacao das pessoas no cinema. Conforme as cenas, interjeições clássicas da lingua inglesa faziam de tudo mais engracado. Eram mesclas e coros de: "Woooooow's, yeaaaah's, oh nooooo's". Nunca imaginei que existiria de fato um ultimo American Pie com os personagens dos primeiros filmes, nem que eu assistiria a estreia em Sydney. Sem palavras...

Nessa sexta, aproveitamos o primeiro dia do feriado e fomos pra Manly surfar, no fim de tarde. Na hora em que chegamos, o vento já mexia grosseiramente com as ondas, de mais ou menos um metrinho. Me impressiono como aqui, mesmo em dias com más condicoes, as ondas vem com força e duradouras. Mas enquanto elas não vêm, período que só aguentamos graças aos longs que ganhamos da mãe, na promoção da mormaii, começo a prestar a atencao em tudo em volta. As enormes arvores antes da areia da praia, os morros, a pedra com o coracao desenhado, os pássaros se alimentando e as nossas mochilas sozinhas lá na beira, que seriam pratos cheios para ladrões no Brasil. Mas o momento auge foi quando olhei para o horizonte e vi a lua cheia enorme, subindo no céu. Brilhando, quase fosforescente, refletindo uma linha prateada na água. Quando saímos do mar, já noite, algumas pessoas fotografavam aquele momento. Infelizmente, não estávamos com a câmera e não posso postar imagem nenhuma desse luar, aqui. Nessa Páscoa, não procurei cesta com ovinhos, ou pantufas em forma de cachorro, nem segui pistas ou pegadas de mentira, ou algum rato enorme no armário. Meu presente de Páscoa foi poder, lá do fundo do mar, lembrar de ver a sombra do coelhinho fazendo chocolate na lua, lá no alto, como eu gostei de admirar desde pequeno.

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