terça-feira, 10 de abril de 2012

Sentar, comer uma "berga" e pensar na vida.

Sentado de pernas de índio, comendo uma bergamota, com fones no ouvido e em silencio da fala. Quem me conhece sabe o que significa quando estou nessas condições. Penso na vida. Penso em tudo. Meu momento tão simples e mais precioso. Como eu disse lá na minha segunda pastagem nesse blog. Acho que foi a segunda, não me lembro agora. Esse é o meu momento de ficar sozinho e pensar em tudo. Isso me lembra um pouco meus dias de Famecos. Parece que faz anos que eu via as pessoas passarem no intervalo falando, conversando e dizendo. Tudo a mesma coisa. Sei que se expressar, assim que o pensamento surge na cabeça, é quase como um orgasmo pro cérebro. Concordo totalmente. Sentar um pouco sozinho e imaginar mil coisas é que é o meu Tantra. Nas jantas no galeto, às sextas feiras, minha avó costumava me olhar e dizer: "águas paradas são profundas". Ela sempre acerta em cheio. É difícil pra mim controlar meu cérebro a mil por hora, em uma sexta a noite. O raciocínio é o que torna o silencio tão sagrado. É como se fosse passear com o cachorro, só que com a imaginação e sem coleira. E quando você se ver diante de um momento realmente importante, certamente as atitudes virão. E não necessariamente em forma de palavras. A ousadia se liberta e goza da própria destreza, como o atacante driblador.
Aqui, tenho um lugar incrível dentro do apartamento. Uma sacadinha no primeiro andar do prédio. De um lado, vejo varias copas de arvores e, do outro, uma Cruz enorme e iluminada que destaca a localização de uma Igreja. Os aviões passam baixo, de vez em quando, em direção ao aeroporto e os pássaros voam fazendo seus sons estranhos o tempo todo. De noite, tenho certeza que escuto patos. Quanto mais esfria o clima, mais o pessoal que mora aqui prefere ficar lá dentro. Nessas horas, a sacada fica melhor ainda. Quando eu quero me sossegar de uma casa movimentada e de gente falando em outras línguas, venho pra cá com o violão e o cobertor e já era. Agora também tenho algumas bergamotas, que tanto me lembram o gostinho que tem o Sul do Brasil. Mas aqui elas são de ouro e custam um montão de dólares, assim como todas as outras frutas.
Hoje de manha, primeiro dia de aula pós feriado, acordei um pouco diferente. Me deu uma baita vontade de levar umas "berga" pra comer de lanche, após um café, e sentar sozinho no intervalo. Uma música não saiu da minha cabeça o dia inteiro, sendo que eu nem tenho ela no mp3, nem em nenhum lugar pra escutar aqui. Já que hoje foi um dia tao pensativo, aproveito pra mostrar um pouco do que sai da minha cabeça aqui nesse lugarzinho tão legal, perdido no meio da Austrália. A sacada de um apartamento no meio desse pedacinho de subúrbio que é Rockdale. Essa sensação estranha o dia todo? Não sei ao certo... Acho que foi alguma coisa que eu comi...

Nenhum comentário:

Postar um comentário